Então, admitiu o medo. E admitindo o medo
permitia-se uma grande liberdade: sim, podia fazer qualquer coisa, o
próximo gesto teria o medo dentro dele e portanto seria um gesto
inseguro, não precisava temer, pois antes de fazê-lo já se sabia
temendo-o, já se sabia perdendo-se dentro dele — finalmente, podia
partir para qualquer coisa, porque de qualquer maneira estaria perdido
dentro dela.
(Caio Fernando Abreu. A gravata, in: O Ovo Apunhalado)
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